quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

25 de dezembro

De companhia, a ausência.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Canção para dormir melhor (por Juanito Perón)

"Santo anjo do Senhor,
Meu zeloso e guardador,
Se a ti me confiou
A piedade divina,
Sempre me guarde, governe e ilumine.
Amém.

Protegei meu pai, minha mãe, o Batman, todos que eu conheço e todos que eu não conheço. E que os bandidos virem do bem.

É só, meu anjinho. Te amo".


[agora fica difícil de não acreditar mais em anjos].

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Aos P.E.S.

Tens a sutileza artística de me arrancar um difícil sorriso toda vez que a vida me diz não.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Ainda sobre os dias cinzentos

Tem dias em que o melhor a se fazer é retê-los [tais dias] ao infinito.

[à artista aquática, ao biografemático e ao solitário; potências que me levam ao infinito].

Dos dias cinzentos

Tem dias em que o melhor que se tem a fazer é deixá-los passar.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Último front

Que as palavras ditas não retalhem a força do pulso.

sábado, 29 de novembro de 2008

Depois dos 30

Desejo que minha velhice seja igual ao que foi minha infância e adolescência. Espero, é o mínimo.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Adolescência cifrada

"Nossos sonhos são os mesmos há muito tempo, mas já não há mais muito tempo pra sonhar."

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Profecias

Das profecias, as que mais temo são as opacas.

O Forte Apache


O tapete de plástico vermelho com estampas indefinidas, preso ao piso de madeira por percevejos, era o rio. O famoso Rio Vermelho. Sugestão dele, admirador assíduo de minhas histórias.
De um lado deste suposto rio ficava o imponente Forte Apache. Todo ele de madeira, com suas quatro, uma em cada canto, belas e definidas torres a vigiar a fortaleza federalista. Dentro deste forte haviam, além das diligências - geralmente eram duas, com quatro cavalos em cada -, os soldados, todos eles pintados à mão, com seus devidos uniformes azuis, condecorados com medalhas pelos diversos serviços prestados à pátria americana.
Do outro lado do rio, já avançando sob as pernas das cadeiras e da mesa, havia o acampamento dos "terríveis e sangüinários" Peles Vermelhas. Detentores de uma pontaria perfeita, esses índios eram certeiros na arte do arco e flecha. Levavam medo aos homens brancos do forte ao se aproximarem da beira do rio com seus cavalos malhados. Assim como os soldados, os índios também eram pintados à mão. A exceção eram seus cavalos, pois geralmente eram de uma cor só, isto é, ou todo branco ou todo preto. O detalhe "malhado" ficava ao meu encargo que, através de tinta têmpera, fornecia um toque especial a eles.
Recordo-me que sempre o vencedor dessas batalhas eram os "bons soldados brancos", verdadeiros heróis da nação americana (qualquer semelhança com os dias atuais não é uma mera coincidência), cabendo aos índios o papel de bárbaros e incivilizados.
Até que um dia, após terem me roubado meu tão amado brinquedo, passei a ter uma outra visão sobre minhas "batalhas" às margens do Rio Vermelho. Ao ganhar outro de presente dele - um, dentre tantos outros -, ficava numa alegria contagiante e que parecia não ter mais fim. Explicou-me que os Peles Vermelhas não eram tão hostis e assassinos assim. E que, por outro lado, os federalistas não eram seres tão bons e amigos como contavam as histórias de TV (Rintintin, principalmente) e de gibis.
A partir daquele dia comecei a olhar diferente para as minhas batalhas. Agora, não eram mais os soldados os vencedores. Eram os índios, defensores de sua terra e de sua cultura, os verdadeiros heróis e merecedores da vitória.
Foi, sem sombra de dúvida, meu primeiro sentimento de justiça internalizado.
Hoje os fortes apaches são feitos de plástico, e já não chamam mais tanta atenção da gurizada como antigamente. Os soldados e os índios, apesar de serem pintados à mão como antes, não possuem a perfeição de detalhes dos antigos. O Rio Vermelho já não existe mais. E ele, bem... Ele já não me compra mais forte apaches.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Biografemando o 21 de novembro

A sutil, quase sussurrada, potência da menina rubra e de seus avassaladores punctuns. Um mundo sensivelmente revelado através de suas lentes, vívidas lentes...
Parabéns, é o mínimo que se pode desejar.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Te gosto muito

E isso é só.

Intoxicação (uma tentativa a oito mãos)

As pegadas de Rimbaud não levam a lugar nenhum. Não existe Norte em campo nevado, e a espera pela primavera é sempre subterrânea. Não há "dentro" da Torre Eifel. Ao Sul, procuro um lugar menos epidérmico, mais ao fundo. Aquilo que intoxica está embaixo - dizem-me as bocas. O sol escaldante do meio-dia faz a pele retrucar a setença. Intoxica-me. O alimento deu enjôo. Não fez o parasita vomitar. O gourmet falhou.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Tardiamente arrebatador

Nunca tinha avistado a cidade daquele ângulo. Parecia que a qualquer momento iria ser tragado pela eloqüência daquele entardecer outonal. As ruas, suas esquinas; o tráfego insistente dos carros soando suas buzinas; e as primeiras luzes que se acendiam com a proximidade sorrateira e sapiente da noite, tornavam-se, daquela altura, apenas micro explosões de um inverno a se aproximar.
Ao longe, no esquadrinhamento de seu olhar, pôde, sem antes soltar um fundo suspiro, vislumbrar um belo pôr-do-sol, que, aos poucos, inexoravelmente, mergulhava naquelas águas. Águas que por sua fluidez e por seu bucólico silêncio paralisante, contrastavam com os ruídos e velocidade das ruas.
Paralisante foi o efeito de sua chegada. Ele, ao ver a porta se abrir, mergulhou seus olhos na fluidez daquele olhar. E, por segundos, nada mais importava a não ser aquele olhar.
Imediatamente voltou a si, convidando-a para se aproximar à sacada e, juntos, contemplarem o surgimento das primeiras estrelas no céu.
Após um longo silêncio apaziguador que se fez entre os dois, tocou-a levemente na mão. Seus dedos se entrelaçaram tal qual o sol entrelaçara-se, há alguns segundos antes, com as águas do rio.
Dopado pelo cheiro de seu corpo, abraçou-a inapelavelmente. Seqüências de suspiros brotaram daquele abraço, para, em seguida, seus olhares se encontrarem. Abruptamente uma onda de calor tomou seu corpo, arremessando seus lábios em direção aos lábios dela.
Afetado pelo momento passou a desejá-la urgentemente. Parecia que iria lhe faltar mãos, boca e língua para consumar aquele acontecimento. Queria, assim como as águas do rio fizeram com o sol, tragar com sua língua toda a vida que nela se concentrava.
De olhos fechados afundou seus dedos em seus cabelos. Dilacerado internamente, decidiu ir adiante. Paradoxalmente, sentia que morria e sofria por dentro, mas precisava prosseguir para sentir-se vivo outra vez. Necessitava ir até o fim, até o fundo. Desejava despedaçar sua carne contra o corpo dela, sentir seu perfume em seus pêlos. Com o corpo tremendo, mas em riste, tocou-a mais profundamente. Num jogo de ternura, suas mãos voltaram a se encontrar, assim como suas coxas e suas pernas num embate frenético de idas e vindas. Um campo de forças se degladiando. A tessitura de sua pele, de seus cabelos, deixavam-o ainda mais ferido. Mas, no entanto, era preciso seguir em frente. Puxou-a para si, corpos já colados e esparramados no assoalho, genitais latejantes e um golpe só, seco e profundo. Tudo explodia num plano muito mais alto, muito mais intenso, imensurável desejo transgressor. Dentes se chocando, lábios se tocando, mãos se esmagando numa fúria alucinante. De repente, um grito, uma angústia de saber que sua busca era em vão.
Naquele instante, algo morria nele. A sacada parecia ter-se estilhaçado em inúmeros pedaços de vidro que o cortavam sem piedade alguma. De fato, não era, não podia ser amor.
Transtornado, juntou suas roupas e aquilo que ainda havia sobrado dele. Vestiu-se apressadamente e, sem dizer nem mesmo um simples adeus, partiu, como um vetor desgovernado, em direção às escadas do prédio. Queria sair dali o quanto mais antes possível. Já na rua, não sabia mais se era dia ou noite, outono ou inverno.
Aterrorizado, jogou-se pra dentro do primeiro ônibus que viu passar. No trajeto, avistou apenas outdoors que cortavam a arquitetura da cidade como se fossem gigantes luminosos. Suado e ofegante, contava os minutos para chegar em casa, sem pensar no que aconteceu.
Fim de percurso. Territorializado, ao menos literalmente, só pensava num banho. Desejava eliminar qualquer vestígio dela que ainda pudesse estar pousando sobre sua epiderme. Até mesmo uma possível saliva que ainda lhe fazia sentir o gosto de sua boca, queria deixar escorrer ralo abaixo. Enfim, desejava afogar naquele banho qualquer possibilidade de que um dia poderia ter dado certo.
Cansado e nú, deixou seu corpo estatelar-se no sofá. Ligou a televisão. Desligou a televisão. Ligou o rádio. Chico Buarque de Holanda agora não. Desligou o rádio. Sentiu seu peito se comprimir numa força demasiadamente estranguladora. Não gritou. Não chorou. Apenas sentiu.
Suspirou. Estava exausto.
Sabia que a queda seria vertiginosa. Tinha noção de sua altura e do tamanho de seus cacos. Cedeu, e sabia o preço que teria que pagar por não ter fugido antes. Sabia também que quem buscou foi ela, não ele. Por outro lado, tinha a plena convicção de que uma vez consumado, o dilaceramento seria somente seu, como foi só dele o desespero.
Logo ele, que queria tanto trazer-lhe paz, ser sua paz. Dar-lhe o que tinha, sem exigências, sem cobranças. Mas ele abraçou a queda. Flertou com ela. E nesse acolhimento, caiu. Espatifou-se. Espedaçou-se. Perdeu-se. E, agora, nada mais existia além de um corpo cansado, arrastado, moribundo.
Não se dera conta de que havia amanhecido. Levantou-se, ainda nú, e caminhou até a sacada de seu andar. No reflexo do vidro, enxergou-se mas não se viu. Constatou apenas olheiras e uma barba ainda por fazer. Estava frio, agora. Um vento gelado entrou por suas narinas. Respirou. De sua boca exalou um hálito quente e forte, que se dissipou no ar frio do dia que começava a acontecer. O parapeito da sacada era seu limite. Uma breve linha tênue entre o ontem e o hoje. Fechou os olhos. Contraiu as mãos. Flexionou os pés pra frente. Cerrou os dentes. E quando, por fim, impulsionou seu corpo mais à frente, um vento frio tocou seu corpo rígido e tenso.
Lentamente, abriu os olhos, descontraiu as mãos, desflexionou os pés e descerrou os dentes. Nada mais além de um vento. O primeiro vento de mais um inverno que acabara de chegar.
Com os ombros caídos, afastou-se da sacada, apanhou um cobertor, enrolou-se, dobrou-se e curvou-se sobre si mesmo. Sequer chorou, apesar da vontade. Lágrima presa na garganta, cabeça afundada entre as pernas, um Coltraine tocando ao fundo, um cigarro aceso e uma constatação apenas, a de que era tarde, muito tarde. Tarde demais.

As flores e o café

- Ei, tu não irás mais molhar as tuas flores? Coitadas, desse jeito vão morrer. À propósito, teu café vai esfriar.

Sobre coincidências inocentes

- Pai, tu sabia que a Mulher Maravilha é a namorada do Batman?
- Será, meu filho?
- É, e eles vão ter uma nenê bem pequenininha.
- É mesmo, filhão?
- Pai, quando eu crescer eu também vou ter uma nenê bem pequenininha. E tua sabe qual vai ser o nome dela?
- Qual, João?
- Joana

Sobre a iminência da perda

Até quando ele terá que ameaçar em deixá-la só para ouvi-la dizer o quanto ainda o ama?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Voracidade nostálgica

Pão vovó sentada (tipo sovadinho) com margarina em tablete primor e mortadela fatiada. Tudo isso regado a uma coca-cola de garrafinha de vidro (no bico)...

À garota que da chuva faz arte; ao menino que de histórias faz biografemas de vida; ao guri que da espera afirma sua solidão, minha e(terna) gratidão

Àqueles que das tardes frias e chuvosas de agosto ao amarelar irradiante dos primeiros ipês de setembro deixaram de lado seus compromissos, pouco importando se tal escolha resultasse num possível resfriado ou num princípio de rinite, para ao meu lado estarem...
Àqueles que não só de livros e conteúdos mas, sobretudo, de coragem, perseverança e disciplina me municiaram...
Àqueles que não somente as portas da casa mas também suas vísceras deixaram abertas para que delas pudesse, respectivamente, me abrigar e me apropriar...
Àqueles que me ensinaram a caminhar com o simulacro de seus passos e não como cópias de suas pegadas...
Àqueles que do meu medo da folha em branco encorajaram-me a transformá-lo em Fantasia de Escritura...
Àqueles que através de suas potências avassaladoramente criativas me lançaram para as possibilidades de uma Vita Nova...
Àqueles, meus cuidadores, aos quais admiro muito, deixo, como forma de agradecimento, essa bela canção...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A lista

Grata surpresa ver que o F se fez presente.

sábado, 8 de novembro de 2008

Solidão platina

"Nada nos deja más en soledad
que la alegría si se va..."


Onomatopéia da (espera)nça

Antônio
Beatriz
Cecília
Daniel
Eduarda

Giovane
Hilda
Isabel
João
Karine
Larissa
Mariana
Nilton
Otávio
Pedro
Quênia
Rafael
Simone
Tatiane
Ubaldo
Valentina
Xandra
Wilson
Yasmin
Zara

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O adeus de Rosario Castellanos

"Quem vai embora leva a memória, seu modo de ser rio, de ser ar, de ser adeus e nunca."

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Um dia perfeito

Uma vontade de nada sob a sombra de um jacarandá. Voltar a ser menino é tudo o que se quer.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Para iniciar: dias de Bandini

"Os dias profundos, os dias tristes."