terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Um tolo amor (ira)do

"São tolices
O que penso sobre você...
Vivo sonhando
Imaginando você
Imagino pegadas
E as vou seguindo
É tolice eu sei
Você não sente os meus passos
Mas eu imagino
Mas eu imagino...
Um olá talvez
Mas pra mim de nada vale
Isto estragaria
O meu faz-de-conta..."

Tolstoi (ira)do!

"E eu morreria
Por você
Na guerra ou na paz."

Superficialidades (ira)das

"Superficial como um espinho
Me deixou aqui sozinho
Ferido no coração
E eu virei esta pequena ilha
Fechado em meus sentimentos
Calado
E tão só."

Questões (ira)das

"De onde você vem?
Quem vai te levar?
Quem te faz sorrir?
Quem te faz chorar?
Qual será seu nome?
Quantos seus amores?
Quais são suas cores?
Quais os seus desejos?
Quem são seus amigos?
Quais serão seus medos?
O que faz de dia?
O que faz de noite?
Você me faz imaginar...
Você ilumina todo o lugar
E eu quero paz."

Precocidades (ira)das

"Quando seus amigos te surpreendem
Deixando a vida de repente
E não se quer acreditar
Mas essa vida é passageira
Chorar eu sei que é besteira
Mas meu amigo
Não dá pra segurar."

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

"Bom dia!"

A melhor forma de começar o dia:
"Bom dia!"

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Kilogramas

Tem vezes em que a vida parece desbotada, sem cor, esgotada em si mesma. O esforço é grande demais, nestas condições, de carregá-la, ou de suportá-la.
A vida, definitivamente, não deveria ser um fardo.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Check-in

Levem as roupas, os livros, os cachecóis. Não esqueçam dos discos, dos lápis e das canetas, pois hão de aquarelar muitos mundos pelas praças gaulesas. Não esqueçam dos sons, dos gritos e da algazarra das crianças soltas a brincarem no pátio. Tampouco deixem de levar os cuidados e lágrimas maternas, as orientações e conselhos paternos. Mas, sobretudo, não esqueçam de levar a saudade, a distância entre um abraço e outro, os suspiros nostálgicos e as coronárias despedaçadas pela breve [que assim seja] ausência de vocês.

Tempo lógico

Como assim "até logo"?
Eu nem me despedi direito ainda!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Primeira pessoa do plural

"Quando o choro finalmente chega,
descubro uma afirmação que estava indecisa em mim."
[Ela]


"Eu, hoje, respiro o mundo,
longe dessa cidade..."
[Ele]


"No choro afirmativo, o mundo a ser aspirado, longe daqui."
[Eu]

Au revoir

Dos tantos adeus, este, duplo em sua existência, será um daqueles de difícil consumação. Talvez a lágrima escorrida seja mais fidedigna ao momento, se comparada ao movimento do braço em sua pífia tentativa de aceno.

sábado, 3 de janeiro de 2009

O fundo

A escuridão é o que menos assombra. Na pele, mais do que o cheiro incrustado, o frio gelado. O limo é denso, viscoso. Escorregadias são sua paredes, ásperas suas bordas. Sua umidade é verde-musgo. Uma vez dentro, difícil de sair. Acostumados ficamos com sua esfera pegajosa, seu lodo grudento, seu odor fétido. Pertence à ordem "das coisas que não têm depois."

Mais do mesmo

Lá estava ela. Sorridente, como jamais a tinha visto antes, deslizava por entre os presentes convidados. Provocante e sensual, flertava com todos, independente de sexo, raça ou crença. Esguia e intensa, convidava a todos a dançar conforme seu ritmo, pouco se importando com o que dela poderiam pensar ou falar.
Todos, sem exceção, gostariam de ardentemente naquela noite tê-la de qualquer maneira. Queriam poder ver realizados seus mais recônditos e lascivos desejos no doce envolvimento com ela. Mas como já sabiam que seria muito difícil conquistá-la naquela festa, preferiram, literalmente, saciar sua sede voluptosa e carnal em copos de diversas bebidas. Não que o acesso até ela fosse da ordem do impossível - era, ao contrário disso, de fácil acessibilidade. Ocorre que o brilho dos seus olhos, a tenrricidade de sua pele e a liberdade de seu corpo a tornavam única naquela noite, vivendo na eloquência do instante toda uma vida. O momento era dela, somente dela, e ninguém poderia apagar o intenso brilho que de suas entranhas radiavam.
Acontece que eu a queria. E ela ao notar minha ansiedade se fez fugaz. Foi então que diante de minha incredibilidade sôfrega, passou a zombar de mim. Eu, como ninguém mais ali, desejava arrancá-la daquela festa e num abraço único tomá-la em meus braços e apertá-la contra o meu amargurado peito e amá-la ardentemente como se não restasse mais nada a fazer nesta vida.
Ela, essa maldita menina libidinosa, foi quem, naquela noite, crivou meu caos, pincelou de lilás-alaranjado meu anêmico pôr-do-sol, pôs gérberas em meu vaso vazio, aquarelou meus cinzentos dias, despiu-me avassaladoramente de meus princípios e preceitos morais para, em seguida, dizer-me adeus.
Ela, por quem tantas vezes ardi de desejo, por quem tantas vezes perambulei noites sem dormir, por quem tantas vezes acordei de madrugada molhado de suor e de devaneios imensuráveis, por quem tantas vezes fez minha vida parecer interessante, enclasurou-se num álbum verde de formatura. E toda vez que consigo, dolorosamente, abrir este álbum verde sinto o seu cheiro e a nostálgica lembrança daquela noite, quando ela, a minha felicidade, beijou-me suavemente os lábios, tornando-me vivo com sua presença, antes de, para sempre, partir.