quinta-feira, 28 de maio de 2009

May em blanco y negro [ler ao som de "dos colores", Jorge Drexler]

das tantas cores, o branco e o preto:
a neve e o carvão,
a folha e o grafite.
na pele clara, estampas de uma existência,
de quem colhe aquosidades em vivências.
de suas lentes (re)significa vidas,
de sua escrita, sentidos,
de sua melancolia, arte.
ao seu lado, sinto-me aquarelado, traçado por galáxias, entrelaçado por estrelas.
potência cintilante de quem concentra a vida numa caixinha de lápis de cor
branco e preto.

Mayra [pelos telhados de paris]


"mas no outono tem uma luz
que acaricia essa dureza cor de giz"

quinta-feira, 21 de maio de 2009

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Para dias melhores

"tenho passado por dias difíceis. dias que nem mesmo em terapia consigo dissipá-los de meus pensamentos.
sinto-me cambaleante em tudo aquilo que tento fazer.
tenho a nítida sensação de que, a cada dia que passa, estou "indo embora" um pouco mais.
não sei do quê e muito menos de onde, mas estou "indo embora".
não quero, de forma alguma, importunar-lhe com esse meu desabafo.
apenas senti a necessidade de falar sobre isto em outro contexto que não o psicoterapêutico.
não quero deixar-lhe angustiada (não pretendo que se preocupe comigo).
não sinta-se na obrigação ou necessidade de me responder.
encontro em ti um afecto (no sentido de atrito corporal) que me deixa (um pouco) em paz.
e só por isso é que te escrevo. apenas (e tudo) por isso.
quando tiveres a oportunidade de estar com o doce juanito, não deixe de mostrar-lhe a beleza da vida.
apresente-lhe porto alegre sob todos os ângulos possíveis, da redenção ao cais do porto; da cidade baixa à zona sul; do gazômetro ao parcão.
não o afaste dos livros (de forma alguma!),
das canções,
dos cinemas,
das peças teatrais,
e, se for do desejo dele, do olímpico também.
faço-o perceber a necessidade da arte em sua vida (assim como do ovo, do feijão e do brócoli).
ajude-o a criar, a sentir e a experimentar a vida em todas suas dimensões.
jamais deixe-o longe de seus sonhos; faça-o acreditar neles.
provoque-o, tensione-o, faça ele descobrir novas sensações, outas possibilidades.
não deixe-o ser tomado pela mesmice, pelo banal e trivial do cotidiano.
faça-o se interrogar mais, criticar mais, argumentar mais; não aceitar as coisas como prontas e irretocáveis.
mas, também, ensine-o a suportar nossas impotências e fraquezas.
(diga-lhe que precisamos conviver com elas).
ensine-o a sentir, mesmo que dolorosamente, a complexidade da vida; das possibilidades e impossibilidades do viver.
diga-lhe que falar, às vezes, é bom e alivia, assim como escrever; em outras, o melhor é calar.
mas, sobretudo e acima de tudo, ensine-o a ser doce e jamais a ser insensível.

sábado, 16 de maio de 2009

Mantra outonal

"eu quis ser eu mesmo
eu quis ser alguém
mas sou como os outros
que não são ninguém
."

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Constatações sobre um divã em uma manhã chuvosa de outono



Entre os girassóis de van Gogh e a aridez do Atacama, sigo tentando o (distante) equilíbrio.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Aquosidades

Enfim, ela de volta...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Os dragões não conhecem o paraíso (um pouco de Caio F., um pouco de F. Parise)


"Tenho um dragão que mora comigo. Não, isso não é verdade. Não tenho nenhum dragão. E, ainda que tivesse, ele não moraria comigo nem com ninguém. Para os dragões, nada mais inconcebível que dividir seu espaço - seja com outro dragão, seja com uma pessoa banal feito eu. Eles são solitários, os dragões. Quase tão solitários quanto eu, depois de sua partida. Digo quase porque, durante aquele tempo em que ele estava comigo, alimentei a ilusão de que meu isolamento para sempre tinha acabado. E digo ilusão porque, outro dia, numa dessas manhãs da ausência dele, pensei assim: os homens precisam da ilusão do amor da mesma forma que precisam da ilusão de Deus. Da ilusão do amor para não afundarem no poço terrível da solidão absoluta; da ilusão de Deus para não se perderem no caos da desordem sem nexo. Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo; repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada. Essa imagem me veio hoje pela manhã quando abri a janela e vi que não suportaria passar mais um dia sem contar essa história de dragões. Gosto de dizer tenho um dragão que mora comigo, embora não seja verdade. Como eu dizia, um dragão jamais pertence e nem mora com alguém. Seja uma pessoa banal igual a mim, seja um unicórnio, salamandra, elfo, sereia ou ogro. Eles não dividem seus hábitos. Ninguém é capaz de compreender, por exemplo, que logo ao despertar (e isso pode acontecer em qualquer horário, já que o dia e a noite deles acontecem para dentro) sempre batem a cauda três vezes, como se estivessem furiosos, soltando fogo pelas ventas e carbonizando qualquer coisa próxima num raio de mais de cinco metros? Hoje, pondero: talvez seja a sua maneira desajeitada de dizer: que seja doce."

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Insights do cotidiano IV

Chegar a conclusão de que algumas pessoas são insubstituíveis e, por mais que tu tente, nada, tampouco ninguém, as trarão de volta.

Insights do cotidiano III

Dar-se conta de que as perdas pertencem à ordem das coisas irreparáveis.

Insights do cotidiano II

Dar-se conta de que o "Rio Vermelho" não passava de um puído tapete de plástico.