quarta-feira, 20 de maio de 2009

Para dias melhores

"tenho passado por dias difíceis. dias que nem mesmo em terapia consigo dissipá-los de meus pensamentos.
sinto-me cambaleante em tudo aquilo que tento fazer.
tenho a nítida sensação de que, a cada dia que passa, estou "indo embora" um pouco mais.
não sei do quê e muito menos de onde, mas estou "indo embora".
não quero, de forma alguma, importunar-lhe com esse meu desabafo.
apenas senti a necessidade de falar sobre isto em outro contexto que não o psicoterapêutico.
não quero deixar-lhe angustiada (não pretendo que se preocupe comigo).
não sinta-se na obrigação ou necessidade de me responder.
encontro em ti um afecto (no sentido de atrito corporal) que me deixa (um pouco) em paz.
e só por isso é que te escrevo. apenas (e tudo) por isso.
quando tiveres a oportunidade de estar com o doce juanito, não deixe de mostrar-lhe a beleza da vida.
apresente-lhe porto alegre sob todos os ângulos possíveis, da redenção ao cais do porto; da cidade baixa à zona sul; do gazômetro ao parcão.
não o afaste dos livros (de forma alguma!),
das canções,
dos cinemas,
das peças teatrais,
e, se for do desejo dele, do olímpico também.
faço-o perceber a necessidade da arte em sua vida (assim como do ovo, do feijão e do brócoli).
ajude-o a criar, a sentir e a experimentar a vida em todas suas dimensões.
jamais deixe-o longe de seus sonhos; faça-o acreditar neles.
provoque-o, tensione-o, faça ele descobrir novas sensações, outas possibilidades.
não deixe-o ser tomado pela mesmice, pelo banal e trivial do cotidiano.
faça-o se interrogar mais, criticar mais, argumentar mais; não aceitar as coisas como prontas e irretocáveis.
mas, também, ensine-o a suportar nossas impotências e fraquezas.
(diga-lhe que precisamos conviver com elas).
ensine-o a sentir, mesmo que dolorosamente, a complexidade da vida; das possibilidades e impossibilidades do viver.
diga-lhe que falar, às vezes, é bom e alivia, assim como escrever; em outras, o melhor é calar.
mas, sobretudo e acima de tudo, ensine-o a ser doce e jamais a ser insensível.

Um comentário:

Anônimo disse...

e dessa potência que se trata.
vê?

seu chico.