quinta-feira, 1 de julho de 2010

Aos 35

Sinto-me partindo. A cada frase, a cada gesto, sinto-me indo. As palavras já não são mais as mesmas - já não fazem sentido e nem rima. O corpo é pesado, denso; por vezes difícil até mesmo de suportá-lo. As lembranças escorrem pelos fios de cabelo que correm ralo abaixo enquanto a água procura, em vão, destensionar a insuportabilidade de mais um dia. No espelho não me é permitido sequer avistar as imagens que, outrora, foram partes constituintes de mim. O vapor as dilui, desmanchando-as em milhares de moléculas de água que, pouco a pouco partem sem ao menos umedecer a secura dos dias. Sigo à espera da chuva. Sigo à espera da doçura líquida do verbo viver.

2 comentários:

Aline Alberto. disse...

e me pergunto do que serve uma idade a não ser pra se contar em números? viver envelhece muito mais do que assoprar velhinhas de um em um ano

Anônimo disse...

mais 35, no mínimo,
para compensar os 25 antes
de te conhecer!!!
PARABÉNS MEU VÉIO!!!
lubedin